TEXTOS DO E-NFORME

Isaque Pinheiro, Marcus André e Rute Rosas na Virgílio

Marcos André em sua segunda individual na Galeria Virgilio nos mostra um novo momento de seus trabalhos, realizados nos dois últimos anos. As últimas telas de Marcos André, ao transpor a suspensão do jogo instável entre plano e profundidade, acompanha a superfície bidimensional, onde vemos uma paisagem delineada no escorrimento da tinta. O resíduo aparentemente acidental de fluxos e feixes mais orgânicos de tinta pela inclinação do quadro e linhas estruturadas desenha lugares que podem ser uma cadeia de montanhas, sensações de vagas paisagens arquitetônicas. Uma nova palheta cromática parece definir-se.

Água de Colónia combina duas exposições individuais, dos portugueses Rute Rosas e Isaque Pinheiro, que apresentam na Galeria Virgilio, respectivamente, quatro e três peças individuais e ainda um trabalho em co-autoria.

Os artistas expuseram já anteriormente no Brasil; Rute Rosas individualmente no Rio de Janeiro, em 2003, no Castelinho do Flamengo e ambos nesta mesma galeria na coletiva Outro Lugar, em 2004. Expondo desde os anos 90, têm integrado numerosas exposições e eventos coletivos, concursos, simpósios e oficinas, feiras de arte em Portugal e no estrangeiro, tal como a ARCO, Madrid. Receberam prêmios, têm obra pública exposta em várias cidades de Portugal e o seu trabalho está representado em diversas coleções particulares, em instituições e museus, estando ambos representados na coleção da Fundação PLMJ, Portugal.

Rute Rosas é Professora de Arte na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, e destaca os trabalhos de site-specific, performance e residência realizados e apresentados em Berlim, Alemanha e Manciano, Itália; trabalha com a Galeria Sopro, Lisboa. Isaque Pinheiro destaca o trabalho exposto no Museu de Arte Contemporânea de Oslo e no Centro Galego de Arte Contemporânea, em cuja coleção está representado, trabalhando com a Galeria Presença, no Porto, e Esther Montoriol, Barcelona.

Esta exposição apresenta trabalhos que caracterizam o universo de cada um dos artistas. As vídeo-instalações, fotografias e objetos de Rute Rosas mostram o seu próprio corpo, ícone recorrente do seu discurso auto-referencial e auto-biográfico. A artista compõe ambientes multi-sensoriais, com sons e imagens de sua identidade e memória pessoais, colocadas perante o coletivo, em que o apelo perceptivo é o veículo de transferência emocional que questiona a partilha e dádiva dos afetos. As esculturas e fotografias de Isaque Pinheiro continuam o seu trabalho de figuração simbólica sobre os paradoxos da condição de materialidade que ligam o homem ao seu contexto global, planetário, espelhando também os conflitos primordiais da sua natureza.