Rute Rosas, 2018
A intervenção escultórica da autoria da Artista Plástica - Escultora Rute Rosas, concebida e desenvolvida especificamente para o Parque Municipal da Ponte em Braga, no âmbito do Simpósio Arte & Sustentabilidade,decorre de diversas visitas atentas ao local e realizadas entre Junho e Setembro de 2018.
O Parque da Ponte, tem uma estrutura singular de bosque misterioso que apela ao sossego e ao silêncio, ao passear, à observação das diversas espécies de plantas, árvores e animais que ali vivem, contrariando o ritmo acelerado da cidade.
Localizado no final da Avenida da Liberdade, entre edifícios emblemáticos como o Estádio 1º de Maio e o Altice Fórum de Braga, este parque, apresenta-se como um bem precioso para a cidade, mas revela abandono e descuidos constrangedores, como se de um estranho ermo se tratasse. Confuso e contaminado por um excesso de objectos díspares, caracteriza-se também pela ausência de rega, manutenção e limpeza, de vigilantes, jardineiros ou segurança, que se entende como essencial.
Alguns dos locais mais significativos como os lagos, as pequenas pontes, arcos, fontes e grutas parecem perder-se num lugar que lhes pertence.
As árvores, plantas e animais que ali vivem parecem sussurrar aos nossos ouvidos: “Um pouco de silencio e paz, por favor. Vejam e sintam o Céu, a luz e o calor do Sol, a humidade da terra e da chuva, a Lua, as Estrelas…”
Nesse sentido surge esta intervenção escultórica composta por elementos que definem um percurso pelo parque.
Do Tempo, no Espaço, uma ponte, um apelo. Contigo ou sem ti pode encontrar-se em três momentos de um percurso que se entendem conceptualmente como um todo.
Primeiramente, à entrada do parque, com um elemento colocado dentro do lago localizado junto ao coreto e à Capela de S. João, voltando a vislumbrar-se antes de atravessamos o arco em granito: uma porta de entrada como outras da cidade. Este arco pertenceu ao Antigo Mercado do Peixe de Braga, foi aqui colocado há algumas décadas, e parece anunciar a ultima parte do parque – o final da caminhada que nos leva ao Estádio 1º de Maio.
Atravessando o arco surge uma modelação no terreno, sugerindo as elevações e o verde do bosque, para além dos dois elementos, um existente – a casa das máquinas do parque - e outro construído, com os quais se organiza uma composição tridimensional discreta que incite ao deleite na terra, ao picnic em família, à meditação ao por do sol.
Pontos de encontro que se encontram, ou se procuram e que propõe iniciar um processo de rejuvenescimento deste parque, deste bosque, convidando e incitando ao pedido que escutei.
Sós ou acompanhados por nós mesmos ou por alguém, com amigos ou em família… um pouco tempo e de espaço para o lazer, a tertúlia, ou o sossego, o deleito e o prazer da tranquilidade imprescindível na vida de todos nós.